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Durante décadas, a busca por uma vida equilibrada girava em torno da satisfação das chamadas necessidades genuínas, como alimentação, segurança, educação, afeto e autorrealização — elementos descritos por Abraham Maslow em sua famosa pirâmide de prioridades humanas. As pessoas se guiavam por esse modelo, onde o foco estava no essencial: estudar, trabalhar, garantir estabilidade e convívio familiar.
Contudo, essa lógica começou a ser substituída com o advento das redes sociais.
As redes sociais abriram uma janela para o mundo privado de uma minoria privilegiada. Celebridades, herdeiros, influenciadores e até pessoas comuns passaram a exibir um estilo de vida pautado no luxo, na estética e na ostentação. Carros caros, viagens frequentes, roupas de grife e experiências exclusivas se tornaram, aos olhos do público, símbolos de sucesso e realização pessoal.
Esse novo padrão, constantemente reforçado, levou muitos a abandonar o contentamento com o necessário e adotar uma lógica de comparação contínua, onde “ter mais” virou sinônimo de “ser melhor”.
Nesse cenário, surgem as falsas necessidades. Influenciados pelo que observam online, muitos passam a desejar itens, status e experiências que antes sequer faziam parte de seus objetivos. Não se trata mais de buscar o suficiente para viver bem, mas de almejar um padrão de vida que está fora do alcance da maioria — e que, muitas vezes, sequer é real, sendo fruto de filtros, empréstimos ou parcerias comerciais.
Essa insatisfação constante cria um ciclo de frustração, onde o suficiente nunca basta. O sentimento de “precisar de mais” se instala, mesmo quando todas as necessidades já estão supridas.
A imposição desse novo estilo de vida nas redes sociais vem gerando consequências significativas. O egoísmo é uma delas: mesmo quando uma pessoa tem recursos e estabilidade, o desejo por mais impede que ela olhe para o coletivo. A empatia dá lugar a competitividade. A colaboração cede espaço a comparação.
Além disso, cresce o número de pessoas que sofrem com ansiedade, depressão e baixa autoestima por não conseguirem alcançar o que enxergam como sucesso. O sentimento de fracasso não vem da escassez, mas da ilusão de estar sempre atrás dos outros.
Diante disso, é necessário um olhar mais crítico sobre o que consumimos nas redes. Precisamos refletir sobre os modelos de vida que escolhemos admirar e perseguir. A verdadeira realização pode estar muito mais próxima do que parece — e talvez o suficiente já seja mais do que bastante.
Voltar a valorizar as necessidades genuínas, cultivar relações reais e construir uma vida coerente com nossos valores pode ser o caminho para um novo modelo de vida: mais autêntico, saudável e sustentável.